Seu filho já passou de 1 ano e meio, parece entender praticamente tudo o que você fala e já demonstra sua independência sempre que pode. E é muito possível que a temida fase do “terrible twos” tenha antecipado um pouco… Se você já ouve muitos “nãos” e enfrenta ataques de birra, fúria e disputas de força, deve estar se perguntando: como impor limites aos filhos? Castigo é eficiente nessa idade? Será que o bebê já entende a bronca? Cantinho do pensamento é uma opção?

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Antes de mais nada, é bom entender que disciplina é diferente de castigo. E que entrar em um jogo de forças, para mostrar quem manda mais, não é seu papel como mãe, pai e educador. Lembre-se também que bater é proibido por lei e está fora de cogitação: ele só vai aprender a responder da mesma forma, com agressividade, e a ter medo dos pais. Há estudos que indicam que tapas e gritos (sim, eles também são uma forma de agressão) só aumentam a resistência dos pequenos às regras. E não é isso que constrói uma relação saudável e equilibrada emocionalmente, certo?

E, sim, se você foi criado com palmadas talvez essa forma de agir venha à sua mente mais vezes do que gostaria. Não se culpe, apenas trabalhe para melhorar essa resposta violenta em você. Saia de perto, respire uns segundos e volte mais calmo. Impor limites aos filhos pode ser um pouco difícil no começo. Mas você vai conseguir!

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Ele vai entender a “bronca”?

Crianças pequenas não conseguem controlar as emoções, portanto tudo é tão intenso: a raiva, o choro, mas também a alegria. Nas horas em que o chilique começa, não importa muito o que você tente falar, ela não vai escutar. Assim, a primeira coisa que você precisa ter em mente é manter a calma para acalmar seu filho. Só quando o ataque de choro ou de nervos tiver terminado, você conseguirá fazê-lo prestar atenção.

Para isso, retire-o do local ou da situação, se for preciso. Se ele estiver batendo ou mordendo alguém, tire-o dali e espere ele se acalmar para depois falar que isso não é uma atitude bacana, que ele não deve fazer isso. Sua tranquilidade é que vai motivá-lo a ficar calmo. Se você ficar nervoso, ele vai demorar mais para ficar quieto ou tranquilo.

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Há especialistas que indicam ficar ao lado da criança nessas horas e outros admitem que você recorra ao “lugar da calma”, que é diferente do cantinho do pensamento – ela ficaria lá por um tempo até se acalmar. Esse tempo seria proporcional à idade (1 minuto por cada ano, por exemplo). Se ele estiver se jogando no chão, procure não dar muita atenção ao chilique.

Depois que ele se acalmar…

Quando conseguir a atenção dele, explique que você entende que ele tenha ficado bravo ou triste, mas que responder desse jeito não é a solução. Ajude-o a nomear suas emoções, para que ele não precise recorrer à agressividade. Demonstre que você o compreende, mas que há outras formas de resolver o problema e aponte alguns caminhos.

Diga o que você esperava dele. Não precisa dar explicações muito detalhadas, só deixe claro o que pode e não pode – “isso deixa a mamãe e o papai triste ou bravo”. E estejam preparados para repetir um milhão de vezes: é assim, repetindo os combinados e as regras, que as crianças aprendem e vocês conseguem impor limites aos filhos.

Se ele só estiver fazendo algo errado (e potencialmente perigoso), mas sem choro ou birra, você pode eventualmente usar a repreensão verbal, que ele já começa a entender por volta de 2 anos ou um pouco antes. Mas saiba que ela é diferente de gritar e só funciona se for esporádica.

Cantinho do pensamento ajuda?

Essa tática não é eficaz nessa idade, porque as crianças não conseguem fazer muitas associações – especialistas dizem que esse raciocínio só será feito a partir dos 6 ou 7 anos, em média. Sem falar que você teria de restringir o espaço à força para seu filho não sair do “castigo” – no berço ou no quarto, o que pode fazer com que ele associe esses lugares a uma situação ruim.

Tampouco funciona pedir para ele se colocar no lugar do outro, perguntando como ele se sentiria se fosse o contrário – é um nível de abstração que ele ainda não consegue processar.

Castigo funciona para impor limites aos filhos?

Os especialistas se dividem com relação ao castigo para ensinar limites aos filhos. A criança pequena tem dificuldade de relacionar que está sendo punida porque fez algo errado. Cabe ao casal conversar para saber se quer aplicar o castigo quando a conversa e os combinados não surtirem efeito.

Nesse sentido, vocês podem retirar algo que seu filho goste muito, como um brinquedo, por um tempo curto, de um dia por exemplo, mas sempre explicando e relembrando porque estão fazendo isso. Ou acabar com a brincadeira no parque e ir para casa, por exemplo.

Cuidado para não castigar a família inteira: “Se você bater de novo no seu irmão, não vai para a praia”, quando, na verdade, vocês estão com tudo programado; ou “vamos embora da festa se você continuar a agir assim”. Mantenha a sua palavra.

Cuidado com palavras e atitudes

Uma criança não é “feia” porque fez algo errado, ela só “fez algo feio”. Ou seja, é preciso deixar claro que a atitude não é aceitável, e não rotular a criança, ainda mais com conceitos que remetem à aparência. Também deixe claro que você não gosta do que ela fez, mas não a faça pensar que isso diminui seu amor por ela.

A repreensão e a imposição de limites aos filhos deve ser feita sempre na sequência do ato e, de preferência, em particular. O intuito não é humilhar a criança, apenas educá-la. Ninguém gosta de ter sua atenção chamada em público, não é?

Comida como recompensa

Não misture comida com disciplina. O alimento não deve ser associado a um comportamento. Não prometa sorvete, nem chocolate se ele se comportar. Esses itens não podem ser vistos como uma recompensa nem podem fazer parte de chantagens, sob o risco de seu filho desenvolver uma atitude reativa à comida.

Disciplina positiva

Sempre que seu filho agir de forma exemplar, elogie. Ele precisa entender quais formas são boas e quais são ruins para lidar com as situações. Além disso, vai ficar contente por ter sido elogiado e tentar te agradar mais vezes.

Seja coerente e paciente

Crianças precisam de repetição e vão testar sua coerência. Se você der respostas contraditórias para conflitos semelhantes, ela vai escolher a que melhor convir. Se um dia você disse que era errado cuspir a comida e no outro não falar nada ou rir da situação, não está sendo claro nas regras.

E tente entender o que é próprio da fase e o que é uma brincadeira sem noção de certo ou errado. Toda criança vai se jogar no chão em público, vai pular no sofá um dia, vai morder alguém quando começar a lidar com a raiva e a frustração. Não é que você tenha de relevar. Mas não dê ao episódio mais importância do que ele tem: seu filho não está tentando testar sua paciência o tempo todo e fazendo tudo para te provocar, por mais que às vezes pareça exatamente assim. Ele só está aprendendo a viver em sociedade. E cabe aos adultos conduzir os filhos com limites.

 

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