Feijão com doce de leite, pão com chantilly, melancia com queijo brie, lamber tijolo ou sabonete, sugar gelo. Esquisitos, curiosos ou bizarros, os desejos de grávida não são uma piada nem um capricho da futura mãe para colocar à prova os nervos de quem está ao redor. Eles são genuínos, normais e podem revelar necessidades do seu organismo. Portanto, dentro do possível, devem ser respeitados e esclarecidos. Atendidos? Depende.

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Por que essas vontades estranhas?

Para quase todos os desejos de grávida, há explicações científicas. Eles podem ser gerados pelas alterações hormonais (aumento de progesterona e estrógeno), que levam a mudanças no paladar e olfato. Isso faz com que algumas mulheres passem a comer o que antes não gostavam. Ou deixem de ingerir algo, como café e carne.

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As mudanças hormonais também diminuem o pH da boca e a chamada capacidade tampão (propriedade da saliva de manter seu pH constante), o que causa a salivação excessiva. Por isso é que, de repente, justo aquele alimento odiado pode ajudar a diminuir esse desconforto. Isso explica ainda o impulso para chupar gelo ou ingerir cítricos como limão, tangerina, abacaxi e outras frutas ácidas. Eles reduzem as náuseas e os enjoos, além de auxiliar na absorção do ferro – e pode ser essa a explicaç o motivo do desejo.

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Há de se considerar ainda a necessidade, mesmo que inconsciente, de mais atenção, especialmente numa fase muito sensível e de oscilação hormonal. A vontade de comer algo excêntrico, difícil de ser encontrado ou na madrugada, por exemplo, surgiria para tentar suprir essa carência emocional – e, como falamos, pode ser inconsciente. 

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Quando os desejos viram problema

Mas os desejos esquisitos também podem ser uma desordem alimentar que ocorre com a grávida, chamada de picamalácia ou pica. Ela se caracteriza pela ingestão de substâncias com pouco ou nenhum valor nutritivo, geralmente não comestíveis. Pode ser motivada por fatores emocionais, culturais, socioeconômicos, ambientais e fisiológicos, como o alívio de sintomas digestivos ou pela falta de nutrientes ou ferro.

A pagofagia (ingestão de gelo), geofagia (ingestão de terra ou barro) e as combinações atípicas, como melão com margarina ou vagem com chocolate, são as mais comuns na picamalácia. Porém, o desejo por itens não alimentares como carvão, sabonete, tinta, borra de café, bolinhas de naftalina, plástico e giz, entre outras, também pode ocorrer e oferece perigos. Afinal, toda grávida precisa tomar cuidado com o que come para não causar problemas como intoxicação, parto prematuro, baixo peso ao nascer e exposição do feto a substâncias químicas, o que pode aumentar o risco de morte perinatal. 

Como a maior parte das grávidas teme prejudicar o bebê, as vontades arriscadas ficam só no plano da fantasia. Mas conte ao seu médico, pois os desejos podem estar associados a vários transtornos, como anemia, constipação, distensão, problemas dentários, infecções, interferência na absorção de nutrientes, hipercalemia (grande quantia de potássio no sangue) e até envenenamento por chumbo.

Com exames específicos em mãos, o obstetra pode decidir se prescreve suplementos à gestante. O desejo por terra e tijolo, por exemplo, pode sinalizar a deficiência de ferro e até anemia. Acredita-se que, quando há falta do nutriente, o cérebro dá sinais ao metabolismo e aí surgem essas vontades.

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E se não comer, o que acontece?

Não, seu bebê não vai nascer amarelo feito um melão se você não devorar a fatia de um. Nem é sinal de loucura você, que odeia leite, de repente sentir a boca salivar ao imaginar um copo cheio. Porém, não deixe de contar ao obstetra qualquer vontade fora do comum. Só ele pode dizer se o que você quer é uma extravagância ou uma necessidade real.

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