Você sabia que 3% das crianças têm algum tipo de alergia alimentar, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria? Esse número, na realidade, pode ser bem maior, já que nem todos os casos são diagnosticados corretamente. Ovo, leite de vaca, trigo e soja são responsáveis por 90% dos casos. A alergia alimentar em um bebê pode se manifestar desde os primeiros meses. Será que seu filho faz parte desse grupo? 

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Alergia alimentar em bebê: o que é?

“Alergia alimentar é uma resposta imunológica exagerada a alimentos proteicos”, explica o pediatra e alergista Antonio Condino Neto, professor Titular do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). Em contato com certas substâncias, o corpo, segundo o especialista, produz anticorpos que têm o potencial de gerar reações inflamatórias, que podem variar em forma e intensidade. 

O médico, no entanto, alerta: “Ninguém nasce alérgico. As pessoas ficam alérgicas com o tempo, conforme se expõem aos fatores que causam alergia. O que determina a ocorrência ou não do problema em uma criança é o potencial genético dela para desenvolver alergias e a exposição aos alimentos que constituem o maior risco de causar reações”. 

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Quais são os sintomas de alergia alimentar em bebês?

Os sintomas mais comuns de alergia são alterações que aparecem na pele, como eczema, dermatite atópica ou urticária. “A pele fica avermelhada e ressecada. Surgem erupções, que causam coceira. A irritação acontece principalmente nas regiões de dobras. Também existem os sintomas respiratórios, como nariz congestionado, coceira no nariz, coceira no olho, tosse e até chiado no peito”, explica Condino.

Como é feito o diagnóstico da alergia alimentar?

A confirmação de uma alergia alimentar em crianças é feita em etapas. Primeiro, há o quadro clínico, ou seja, a família ou o médico percebe que uma possível reação acontece quando a criança come ou tem contato com determinado alimento. Depois, são feitos alguns exames. “Fazemos pesquisas de anticorpos contra o alimento”, explica o médico Herberto José Chong Neto, presidente do Departamento de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “Em geral, fazemos isso por meio de teste alérgico, na pele, ou por dosagem de igE (Imunoglobulina E, classe de anticorpos produzida pelo corpo para combater substâncias inofensivas) específica ao alimento no sangue”, diz ele. Quando esses exames não são suficientes para confirmar o diagnóstico de alergia, pode ser feito um outro teste: a provocação oral duplo cega controlada com placebo. “Nesse caso, é preciso internar o paciente e oferecer cápsulas contendo o alimento e cápsulas com placebo. Então, é possível tentar desmascarar se o alimento realmente tem relação com a alergia da criança”, afirma o especialista. 

Alergia alimentar em bebês: como descobrir e tratar

Os alimentos mais alérgicos

Ovo, leite, trigo e soja são os alimentos mais alérgenos e respondem pela grande maioria dos casos. Logo em seguida vêm as sementes e oleaginosas, como o amendoim. Mas por que estes itens são os “vilões”, nesse sentido? “São alimentos introduzidos mais precocemente na vida e aos quais as crianças mais são expostas. Se elas tiverem o potencial genético hereditário para desenvolver alergia, isso vai acabar acontecendo”, afirma o médico.

Cuidados para evitar alergia alimentar em bebês

Será que existe alguma maneira de evitar alergia alimentar em bebê? Ou de identificar precocemente o problema para prevenir reações mais intensas – e aquele susto danado? O primeiro passo é apostar na amamentação. “O aleitamento materno exclusivo é indicado pelos primeiros seis meses de vida e, depois disso, estendido por dois anos (ou mais) de forma complementar à alimentação com sólidos, que deve ser introduzida gradualmente”, orienta Condino. 

A introdução alimentar, aliás, é um ponto que merece atenção. “O cuidado principal é apresentar uma coisa de cada vez à criança, observando possíveis reações, além de procurar seguir o aleitamento materno”, afirma. “Quando não é possível amamentar, se introduzem as fórmulas. Hoje, temos uma infinidade de produtos, alguns melhores, outros piores, mas a exposição a outros alimentos, além do leite, deve ser gradual, a partir dos seis meses. Nada de atropelar!”, reforça.

Alguns estudos mostram que a exposição precoce, por volta dos 4 meses, a alimentos potencialmente alérgenos, como o amendoim, podem induzir tolerância, ou seja, oferecendo uma quantidade pequena ao bebê por dia, daria para evitar que ele tenha a reação alérgica. As pesquisas foram feitas especificamente com amendoim, um alimento que está presente na dieta dos norte-americanos, mas não tanto na introdução alimentar no Brasil. “Essa introdução precoce dos alimentos não tem sido recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, especialmente pelo risco e favorecimento do desmame precoce”, reforça o Herberto. Estudos iniciais com outros alimentos, como leite de vaca e ovo, ainda não mostraram que a “técnica” funciona com tudo. E vale lembrar, novamente, que até os seis meses os bebês devem se alimentar exclusivamente com leite materno. Qualquer teste de alimentação deve ser feito sob supervisão médica. 

Amamentação + bebês alérgicos

Dá para saber que um bebê é alérgico a um determinado tipo de alimento antes mesmo da introdução alimentar? Sim. Segundo o pediatra e alergista, as proteínas ingeridas pela mãe passam por meio do leite materno. Se a criança for, por exemplo, alérgica à proteína do leite do leite de vaca (APLV), e a mãe consumir o leite ou algum outro alimento que contenha leite de vaca, as proteínas vão passar para o leite materno e causar as reações alérgicas no bebê. Por isso é preciso prestar atenção também na sua alimentação e observar o recém-nascido nos primeiros meses de aleitamento. 

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“O leite humano é considerado um ‘sangue branco’, assim mesmo, entre aspas”, explica Condino. “É um produto fabricado pelas glândulas mamárias a partir da extração de nutrientes da corrente sanguínea da mãe. Portanto, se a mãe tiver ingerido algum alimento a que a criança é alérgica, automaticamente, a proteína passa para o leite”, completa..

Alergia alimentar tem cura?

De novo, entre aspas, as alergias alimentares podem ser “curadas”, sim. “O problema é mais frequente no início da vida do que no meio dela. Existe uma tendência de que, com o desenvolvimento do sistema imunológico, a criança pequena passe a tolerar alimentos a que anteriormente ela demonstrava alergia”, afirma o especialista.

“O desenvolvimento de alergias é uma questão de exposição, dose, tempo e predisposição genética. Então, se um determinado alimento de risco é introduzido precocemente em dose alta e o bebê tem predisposição, ele pode desenvolver essa alergia com o passar do tempo. Ao contrário, uma criança que tinha alergia pode deixar de apresentar o problema. Felizmente, na maioria dos casos, os bebês que tinham alergia a ovo e leite, por exemplo, passam a tolerar os alimentos com o amadurecimento do sistema imunológico”, pontua Condino.

Mas como, então, saber se é hora de tentar introduzir o alimento alérgeno novamente, para saber se a criança passou a tolerá-lo? Para a família, por conta, nunca! “Geralmente, a exclusão alimentar e o reteste acontecem em intervalos de até dois anos de exclusão alimentar. A cada seis meses, é feita uma avaliação laboratorial e clínica”, explica o pediatra. “É preciso deixar muito claro que os pais não devem tentar nada sozinhos, porque alergia alimentar pode levar a um choque anafilático (reação alérgica severa, que pode levar a inconsciência e até ser fatal). Por isso, não é para testar nenhum alimento sem supervisão médica. Quando os retestes são feitos, eles acontecem em ambiente assistido, sob supervisão médica. Os pais nunca devem se aventurar a fazer isso”, reforça.

Medicamentos para alergias

A ciência tem evoluído rapidamente nessa área e, hoje, existem vários medicamentos imunobiológicos capazes de tratar alergias de diversos tipos. “A boa notícia é que muitos deles já estão aprovados aqui no Brasil, mas tudo isso deve ser feito com supervisão médica. São medicamentos controlados, não são produtos vendidos em farmácias. Enfim, novamente, não é para os pais tentarem se aventurar em nada. Alergia alimentar é um assunto sério e requer supervisão médica sempre”, alerta.

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