Em um momento, você está sorridente e feliz da vida com o pequerrucho em seus braços. Dali a pouco, experimenta ansiedade, medo, nervosismo e até mesmo uma tristeza esquisita, sem razão de ser e totalmente desconectada da fase de encantamento que vem vivendo. Essas emoções confusas e conflitantes são perfeitamente naturais e fazem parte do “pacote” pós-parto.

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Até 80% das mulheres, em todo o mundo, são afetadas pelo baby blues, uma condição que pode aparecer a partir do segundo dia após o parto e durar de dias a semanas. É caracterizada pela vontade de chorar, desânimo, irritação, melancolia, insegurança, dificuldade de concentração, alteração do sono (que não seja por causa dos cuidados com o filho), culpa por não estar sendo a mãe que imaginou e até um certo distanciamento do bebê. E pode ficar tudo confuso: ao mesmo tempo em que você está feliz, sente uma tristeza que parece inexplicável.

Não há uma causa específica para o baby blues, que pode ser influenciado por vários fatores: hormônios (a queda de estrogênio e progesterona e o aumento da prolactina, por exemplo), histórico de depressão, ter passado por uma gravidez ou parto estressante, se deparar com o novo e duro papel de mãe (muito diferente da maternidade romantizada), o grau de dificuldade para lidar com o filho (se é um bebê que chora muito e dorme pouco, por exemplo) e o cansaço dos primeiros dias com o recém-nascido. Em geral, desaparece aos poucos e, por volta do terceiro mês, você já vai perceber seu humor estável.

Quando suspeitar de depressão

O problema é quando a tristeza se torna constante ou a mulher começa a ter pensamentos agressivos ou suicidas, não quer amamentar, evita se ocupar com os cuidados com o bebê ou não quer sequer chegar perto dele. Se, além desses sintomas, você não tem mais vontade de levantar da cama, de se alimentar, não consegue se concentrar para fazer atividades simples como acompanhar um programa de televisão, não tem prazer nas coisas de que gostava antes e o padrão de sono está muito diferente, desconfie de um problema mais sério.

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O que diferencia a depressão pós-parto do baby blues é a intensidade dos sintomas e as alterações drásticas na rotina, já que a depressão impacta na maneira como a mãe trata a si mesma e ao bebê e atua como um elemento incapacitante, atrapalhando sua vida e as atividades do dia a dia.

Embora seja um assunto ainda cercado de tabu, vergonha e falta de informação, a depressão pós-parto é uma condição que afeta cerca de 25% das mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Portanto, é bem comum. E seus sintomas são devem ser ignorados, subestimados ou tratados como “mimimi”.

Como lidar com a situação

A construção de uma rede de apoio durante os meses de gestação ajuda a lidar melhor com toda essa profusão de emoções muitas vezes contraditórias. Você pode e deve pedir ajuda, desabafar com as pessoas queridas, delegar tarefas e, principalmente, reduzir as exigências e expectativas quanto à organização da sua casa e às tarefas domésticas.

Além disso, saiba que amor é construção e que é natural sentir um certo estranhamento com o bebê, afinal, vocês estão se conhecendo – muitas mulheres dizem que “não foi paixão à primeira”. Fique tranquila. A idealização vai, aos poucos, dando lugar ao relacionamento concreto e ao vínculo que vocês vão formar. Não se culpe.

O primeiro mês com o recém-nascido é mesmo uma “prova de fogo” para as mães de primeira viagem, mas procurar manter a calma e o otimismo ajudam a encará-lo de forma mais serena.

Se você perceber que seus sentimentos vão além de uma condição passageira ou se sentir incapaz, de alguma forma, de lidar com as mudanças recentes em sua vida, não hesite em procurar ajuda profissional imediatamente.

 

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