Você pode não ter planejado a gravidez, mas desde o momento em que soube do resultado positivo, fez planos e sonhou com uma série de detalhes. O nome, o enxoval, o quarto, o chá de bebê, o parto, os primeiros dias em casa… Certamente, também teve muitas dúvidas e preocupações. Se já estava difícil segurar a ansiedade, de repente, você se vê em meio a uma pandemia de coronavírus e medidas de isolamento social.

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A cada dia uma notícia nova e muita incerteza: será que ele está bem protegido? E se você pegar? E se ele nascer no meio desse caos? E o risco de ir para o hospital? Você já não sabe se poderá ter acompanhante no parto, se poderá contar com uma rede de apoio, se conseguirá comprar o que falta do enxoval, se vai dar conta de todas as demandas e já cancelou o chá de bebê e as visitas… Não está sendo fácil. Mas você não está sozinha! Veja alguns depoimentos de grávidas nesses tempos de quarentena, suas aflições e esperanças.

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Kimberly Menezes, grávida de 30 semanas de Benjamin

“Eu fico naquela preocupação terrível de ter que ir para o hospital, de ele nascer tão vulnerável em meio a tudo isso, sem nenhuma defesa no corpo. Minha preocupação é expô-lo. E também não poder contar com ajuda nenhuma, não ter rede de apoio. Vai ser só eu e meu marido.”

“O sentimento que mais tem me rodeado é a preocupação. Ter um bebê já não é fácil, estar grávida dá um cansaço terrível: estou começando a sentir aquelas pontadas na região pélvica, ele se mexe muito e já não estou conseguindo dormir bem. E fico muito preocupada com esse cenário que ele vai nascer.

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Não estou saindo de casa. Tenho ficado muito aflita de pisar o pé para fora, tanto que a gente nem está passeando com o Luigi [cachorrinho], porque, quando abro a porta, já fico com o coração acelerado. Fui só na consulta com a médica e minha pressão ficou muito alta só pela tensão de estar em um ambiente hospitalar. A enfermeira me falou que muitas grávidas estiveram do mesmo jeito naquele dia… Mas eu tenho que ir, né? Precisava mostrar os exames e marcar a ultra do terceiro trimestre.

Eu fico naquela preocupação terrível de ter que ir para o hospital, de ele nascer tão vulnerável em meio a tudo isso, sem nenhuma defesa no corpo. Fico apavorada de ele precisar ir ao hospital, eventualmente. Já é difícil ter um bebê e, no meio disso, vira uma loucura. Minha preocupação é precisar me deslocar com ele, expô-lo. Enquanto ele está na barriga, estou tranquila, ele está protegido. Mas e depois de ele nascer? E, se cuidar de um bebê já é muito difícil no início, imagina não poder contar com ajuda nenhuma, não ter rede de apoio. Vai ser só eu e meu marido.

Minha mãe e minha sogra iam vir. Minha mãe até tinha pedido licença do trabalho dela para ficar dois ou três meses comigo, só que não tem voo e ela está no grupo de risco, é transplantada. Mesmo que liberem os voos, fico com medo de ela se arriscar. A gente não pode chamar ninguém, nem contratar alguém pra fazer uma faxina. Tudo complicou. E isso não vai passar tão cedo. Até a hora em que aparecer uma vacina, o cenário vai ser de todo cuidado possível. São muitas aflições.

Também preciso terminar de comprar as coisas dele, estou evitando ao máximo ir ao mercado. Tentei entrar no site, mas está congestionado, esses dias só consegui entrar às 3 horas da manhã. Vou tentar otimizar e comprar tudo de uma vez. E seja o que Deus quiser. O que mais peço é para meu filho nascer com saúde.”

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Cristina Galdino Silva, grávida de 21 semanas de Romeo

“Estamos nos adaptando um pouco a cada dia e descobrindo que algumas coisas não precisam ser como sonhamos para serem boas também! Pensando no que realmente importa, que neste momento é o isolamento social para seguir com saúde”

“Embora seja a minha segunda gestação, depois de 11 anos, estamos tratando como se fosse a primeira! E é tudo muito diferente! Graças a Deus, não tive enjoos, não tive vontades, não tive nada de ruim, nada mesmo! Romeo já está mexendo o tempo todo e, pra ser honesta, em meio a essa loucura de pandemia, sem ir ao médico, sem fazer exames, cada mexida é um respiro de alívio. Estou há quatro semanas sem poder ir às consultas, sem fazer os exames do segundo trimestre e hoje, com muita coragem, fomos até o posto de saúde pra tomar algumas vacinas.

Imagina aquela fila de pessoas no posto de saúde, de todas as idades, gestantes e não gestantes, esperando do lado de fora para ser chamado… Nós fomos de máscara, porque graças a Deus consegui comprar pela internet antes do boom do coronavírus. Foi por um preço superabusivo, mas, enfim, nós temos máscaras em casa e o álcool em gel virou nosso amigo inseparável. Chegamos em casa e é aquela doideira: tira a roupa na lavanderia e se desinfeta pra poder seguir a vida em nosso cárcere privado!!!

O que mais me deixa preocupada nisso tudo não é lá na frente. Estou procurando viver um dia de cada vez! Mas me preocupa a falta de fazer os exames, acompanhamento médico, ultrassom… Tem uma coisa que estou na dúvida se faço ou não, que é a vacina da gripe, tenho medo de tomar e ficar doente e ter que ir para o hospital, então, essa vacina estou adiando… Não sei se estou fazendo o certo, mas dessa tenho muito receio.

Em meio a essa loucura, não importa se você tem um mega plano de saúde ou não. Bons laboratórios estão fechados. Então, pra não pirar, tenho tentado pensar de forma positiva, esperando que o melhor aconteça, rezando todos os dias pra Deus me dar sabedoria, serenidade e paz no coração, pra não ficar aflita e passar isso para o bebê! A fé tem sido meu melhor remédio emocional.

Como ele está previsto para agosto, tenho fé que até lá esteja tudo ok! Se estiver ainda em isolamento, vou ficar triste, claro, por não ter a tradicional festa na hora do parto com amigos e familiares. Mas precisamos ser racionais. Se precisar ser assim, paciência… O que me preocupa é que a Mari [filha mais velha] não poderá acompanhar como planejamos… E ela está muito feliz e ansiosa para este momento!

Há outras coisas importantes numa gestação, mas que, em meio à pandemia, estamos tratando não de forma prioritária: quarto, carrinho, bebê-conforto, enxoval, itens de primeiros socorros, decoração, lembrancinhas… Está sendo muito diferente da primeira gestação, quando a gente se preocupa em ter tudo arrumado e perfeito. O quarto compramos pelo Instagram. Se vai chegar e se vamos gostar, não sabemos. Roupinhas RN eu já tinha comprado, as de tamanho P vamos comprar online, como os demais itens do enxoval. Não era assim que planejávamos, mas estamos conseguindo lidar bem com essa parte, que é sempre vivenciada com expectativas, cuidado, carinho, dedicação…

Tudo o que queremos é que, com ou sem pandemia, ele chegue e permaneça bem e com muita saúde! No mais, vida que segue, estamos nos adaptando um pouco a cada dia e descobrindo que algumas coisas não precisam ser como sonhamos para serem boas também! Pensando no que realmente importa, que neste momento é o isolamento social para seguir com saúde. Agradecendo a cada mexida, ainda que incomode de vez em quando, e esperando o momento de tê-lo conosco!!!”

Stéphanie Martins Mattos, grávida de 36 semanas de Vicente

“Amo receber visitas, mas, nesse momento, entendo que não será possível e tudo bem. Em primeiro lugar vem a nossa saúde. Na verdade, é mais difícil lidar com a não aceitação do outro, com quem não entende e quer visitar”

“Confesso que estou bem tranquila em relação à doença na gravidez, na verdade, o maior desafio tem sido enfrentar a rotina mesmo, ficar em casa 24 horas por dia, conseguir concilar tudo, trabalho, cansaço da gestação, filho, cuidados com a casa, marido e cachorro. Nos primeiros cinco dias pensei que enlouqueceria, mas depois fui encaixando as peças, organizamos uma nova rotina e tudo ficou bem. Tem até sido curioso perceber que, com organização e sem neura, é possível fazer tudo.

Acredito que lido bem com as surpresas, quando o que estava planejado não acontece. Quando estava grávida do João [primeiro filho], sonhava com um parto normal, mas sempre achei que ok também se não conseguisse; pensava que se eu não tivesse leite, de fome ele não morreria, teria fórmula. Apesar das minhas piadas-reclamações, eu sempre tento olhar o lado positivo de tudo. Sobre a gestação, tenho o mesmo pensamento, não estou com medo, acho que preciso continuar zelando pela minha saúde e da minha família, como tenho feito…

Amo receber visitas, mas, nesse momento, entendo que não será possível e tudo bem. Em primeiro lugar vem a nossa saúde. Na verdade, é mais difícil lidar com a não aceitação do outro, com quem não entende e quer visitar mesmo assim (risos).

Pensava em fazer as fotos reborn, afinal, fiz do João… E agora não será possível. Mas sei que, no futuro, o Vicente vai entender que essa escolha foi para nos preservar.

O João nasceu nas vésperas do carnaval, minha mãe desmarcou viagem pra me ajudar, e eu pedi socorro apenas no primeiro dia, não estava conseguindo dar o peito, depois fiquei super confiante em cuidar “sozinha” do meu bebê, e assim foi feito. (Sozinha não, porque tenho o maridão).

Enfim, acho que tudo é crescimento e aprendizado e temos que aproveitar momentos como esse para evoluir. A parte que não tem como olhar pelo lado bom é a morte, mas isso acho que não deve ser o foco, não vale a pena sofrer por antecipação. Respeito o luto de cada um, mas nesse momento espero só comemorar a vida.”

Luana Medeiros, grávida de 31 semanas de Simon

“Estou em casa, me concentrando em curtir esse fim de gravidez com meu esposo, que está fazendo home office. A quarentena nos afastou da família, mas nos juntou ainda mais como casal e estamos curtindo cada momento.”

“A quarentena nos tirou um pouco da nossa autonomia. Ficar em casa e esperar ela passar traz à tona milhares e milhares de pensamentos, insegurança sobre o nascimento e o crescimento do bebê. É de extrema necessidade se resguardar nesse momento e focar na nossa saúde e em todos ao nosso redor. Acredito que pensar positivo e na coletividade faz com que possamos crer em dias melhores e viver com mais intensidade a magia de ser mãe…

Quando a quarentena acabar, vou esperar voltar à normalidade total, até que eu me sinta segura pra receber visitas. Por enquanto, estamos nos comunicando por fotos e chamadas de vídeo, que dá pra matar um pouquinho da saudade. A parte mais dolorosa são os avós e, como eles são grupo de risco por terem doenças crônicas, prefiro me apegar à ideia de que estou fazendo o melhor pra eles. Já conversei e eles super entenderam a situação.

Como eu sou um pouco ansiosa, a maioria das coisas do quarto do bebê e do enxoval foi resolvida quando eu tinha uma barriguinha bem menor. Imaginava fazer o chá de bebê, reunir os familiares e comemorar a vida do meu bebê. Cancelamos tudo. Mas está sendo um momento muito tranquilo. Eu estou em casa, me concentrando em curtir esse fim de gravidez com meu esposo, que está fazendo home office. A quarentena nos afastou da família, mas nos juntou ainda mais como casal e estamos curtindo cada momento.”

E você, como está se sentindo?

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